Certificações em Seleção de Pessoal

· 4min · Joe Lopes

Seleção de pessoal é um assunto extenso e que eu não domino. Há muito o que se considerar, entre a titulação, experiência e outros atributos, mas neste texto quero passar minha visão sobre o assunto, com foco nos títulos, já que é um assunto que vez ou outra aparece nas discussões de trabalho.

No início da minha carreira profissional, acompanhei várias discussões em blogs e fóruns sobre a necessidade da educação formal e das certificações para profissionais de TI. Particularmente, sempre fui adepto da educação formal, já que fiz faculdade e pós-graduação, mas não acreditava em certificações por causa de notícias desse tipo, em que um menino de cinco anos conseguiu passar na prova da Microsoft.

Primeiras Certificações

Minha opinião começou a mudar alguns anos depois de já estar trabalhando, quando incentivado por um colega, tirei a ITIL [v3]. Apesar de ter sido menos de um mês entre estudar e passar na prova, aprendi bastante sobre gerenciamento de serviços de TI, o que causou um impacto positivo na minha carreira. Pouco tempo depois, visando trocar de emprego, tirei a ISFS e a COBIT [v4.1]. Elas não foram fator decisivo para conseguir novos trabalhos, mas a ISFS veio a ter impacto, assim como a ITIL, na minha forma de atuação e eu viria a usar os conhecimentos dela trabalhando como analista de segurança da informação anos depois --continuo na área desde então.

Após quatro anos nesse emprego, eu fui incumbido de liderar o SOC e o NOC da companhia, o que me colocava a frente de mais de dez pessoas, a maioria com a carreira baseada em certificações. Devido ao alto turnover, fui obrigado a abrir processos de seleção de pessoal e devido à minha falta de experiência na função, eu foquei nas certificações das pessoas para garantir bons técnicos --por sorte, contratei só gente boa. Então eu entendi o motivo das empresas pedirem tantas certificações: é uma forma de atestar que o contratado entende bem do assunto que lhe será designado, sem necessidade de muitos testes, o que agiliza o processo.

Além de um Papel

Obviamente, há outros aspectos a serem considerados, como indicação, experiência, habilidades assessórias e outros quesitos que ficam no feeling dos entrevistadores. Contudo, para pessoas que estão iniciando a carreira, creio que ter diplomas e certificados ajudam bastante a ingressar no mercado, pois nessa fase é difícil ter experiência ou uma forte rede de contatos. Todavia, o documento é só uma parte, pois é preciso que a pessoa realmente se dedique ao aprendizado e não foque só em rechear o currículo --já ouviu falar de test king?

Cursos acadêmicos dão uma excelente base de TI, mas os mais populares são genéricos, como o de Ciência da Computação. Já algumas certificações são parecidas com pós-graduações, mas mais específicas, visando garantir que o profissional entende bem de dada tecnologia ou processo. Particularmente, meus diplomas e certificados me ajudaram a conseguir trabalhos e me ajudam diariamente na execução de tarefas. Entretanto, as pessoas que eu mais admiro e uso como exemplo na carreira, não têm educação formal, são autodidatas e são excelentes no que fazem, mostrando que não existe caminho certo ou errado.

Para a pessoa que não tem experiência ou quem quer trocar de trabalho, se certificar é um ótimo caminho, desde que estude de verdade para aprender o assunto. Para a empresa contratando, apesar da análise de currículos agilizar, é importante atentar para outros aspectos, pois documento nenhum garante honestidade, responsabilidade ou mesmo conhecimento técnico.